Quem tem prótese de quadril pode fazer ressonância?

A pergunta “Quem tem prótese de quadril pode fazer ressonância?” é uma das mais frequentes no meu consultório, e com razão.

A ressonância magnética (RM) é uma ferramenta diagnóstica incrivelmente poderosa, capaz de fornecer imagens detalhadas de tecidos moles, ossos e articulações, algo que outras modalidades, como o raio-X e a tomografia computadorizada, nem sempre conseguem com a mesma precisão.

No entanto, a presença de implantes metálicos sempre gerou dúvidas e preocupações em relação à segurança e à qualidade das imagens obtidas por esse exame.

Na minha experiência como ortopedista especialista em cirurgia de prótese de quadril, tenho acompanhado de perto a evolução da tecnologia dos implantes e dos equipamentos de ressonância.

Se você também tem essa dúvida, te convido a continuar a leitura e saber realmente se quem tem prótese de quadril pode fazer ressonância.

Quem tem prótese de quadril pode fazer ressonância?

Antigamente, a resposta para essa pergunta era quase sempre um “não” categórico, ou um “sim, mas com muitas ressalvas”.

Hoje, a realidade é bem diferente, e a maioria dos pacientes com prótese de quadril pode, sim, fazer uma ressonância magnética com segurança e obter resultados diagnósticos satisfatórios.

A evolução dos materiais e a segurança na ressonância

O principal motivo da preocupação com a ressonância magnética em pacientes com próteses metálicas reside na interação do campo magnético do aparelho com o metal do implante.

Materiais ferromagnéticos, como alguns tipos de aço inoxidável, podem ser atraídos pelo ímã do equipamento, gerando artefatos nas imagens e, em casos extremos, até mesmo o deslocamento do implante.

Além disso, a corrente elétrica induzida pelo campo magnético pode causar aquecimento do tecido ao redor da prótese.

Felizmente, a indústria de implantes ortopédicos tem avançado significativamente. A grande maioria das próteses de quadril modernas é fabricada com materiais não ferromagnéticos ou fracamente ferromagnéticos, como ligas de titânio, cromo-cobalto e cerâmica.

Esses materiais são considerados seguros para a realização de ressonância magnética, pois não são atraídos pelo campo magnético e minimizam o risco de aquecimento significativo.

Na minha prática clínica, sempre oriento meus pacientes a verificar o tipo de material da sua prótese. Essa informação geralmente está disponível no cartão de identificação do implante que o paciente recebe após a cirurgia.

Caso não tenha essa informação, é fundamental entrar em contato com o cirurgião que realizou o procedimento ou com o hospital para obtê-la para garantir a segurança e a tranquilidade do paciente.

Desafios e soluções: a qualidade da imagem

Mesmo com materiais seguros, a presença de metal ainda pode gerar artefatos nas imagens da ressonância magnética, conhecidos como artefatos de suscetibilidade magnética.

Esses artefatos aparecem como distorções, áreas escuras ou brilhantes ao redor do implante, o que pode dificultar a visualização de estruturas próximas, como o osso adjacente, tendões e músculos.

No entanto, a tecnologia dos equipamentos de ressonância também evoluiu. Os aparelhos mais modernos contam com sequências de pulso e técnicas de aquisição de imagem específicas, projetadas para minimizar esses artefatos.

Técnicas como a “Metal Artifact Reduction Sequence” (MARS) ou “View Angle Tilting” (VAT) são exemplos de avanços que permitem aos radiologistas obter imagens de melhor qualidade, mesmo na presença de implantes metálicos.

Em meus pacientes, quando há a necessidade de uma ressonância magnética do quadril com prótese, sempre converso com o radiologista responsável pelo exame.

Essa comunicação é fundamental para que ele possa ajustar os parâmetros do aparelho e utilizar as sequências mais adequadas para otimizar a qualidade da imagem e permitir uma avaliação precisa da região.

Quando a ressonância é realmente necessária?

Apesar da segurança e da melhoria na qualidade das imagens, a decisão de realizar uma ressonância magnética em um paciente com prótese de quadril deve ser bem ponderada.

Em muitos casos, outras modalidades de imagem, como o raio-X e a tomografia computadorizada, já fornecem informações suficientes para o diagnóstico.

A ressonância magnética se torna particularmente útil em situações específicas, como:

  • Dor persistente ou inexplicável: Quando o paciente apresenta dor no quadril após a artroplastia e outras investigações não revelaram a causa. A RM pode ajudar a identificar problemas como infecções, afrouxamento asséptico, sinovite por partículas, bursites ou tendinites.
  • Suspeita de infecção periprotética: A RM pode auxiliar na detecção de coleções líquidas, inflamação tecidual e outras alterações sugestivas de infecção ao redor da prótese.
  • Avaliação de tecidos moles: Para investigar lesões em tendões, músculos ou ligamentos próximos à prótese que não são bem visualizados em outros exames.
  • Avaliação de osteólise: Embora o raio-X seja a primeira linha para detectar osteólise (perda óssea ao redor do implante), a RM pode fornecer informações adicionais sobre a extensão e a atividade do processo.

Em minha experiência, a indicação da ressonância magnética é sempre individualizada, baseada nos sintomas do paciente, nos achados de outros exames e na minha avaliação clínica. É importante que o paciente entenda o porquê do exame e o que esperamos encontrar com ele.

Conclusão

A resposta à pergunta “Quem tem prótese de quadril pode fazer ressonância?” é um sonoro “sim” na grande maioria dos casos.

Graças aos avanços nos materiais dos implantes e nas tecnologias de ressonância magnética, é possível realizar o exame com segurança e obter imagens de qualidade diagnóstica.

É fundamental que o paciente informe a equipe médica sobre a presença da prótese e, se possível, forneça informações sobre o material do implante.

A comunicação entre o médico solicitante e o radiologista é fundamental para otimizar o protocolo do exame e garantir os melhores resultados.

Se você tem uma prótese de quadril e precisa de uma avaliação especializada, agende uma consulta para discutir suas opções e tirar suas dúvidas.

Dr. Tiago Bernardes
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Dr. Tiago Bernardes

Dr. Tiago Bernardes

Formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/DF) e residente em Ortopedia e Traumatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG).