Bursite trocantérica: causas, sintomas e como tratar

A bursite trocantérica é uma das causas mais comuns de dor na lateral do quadril.

O quadro envolve a inflamação das bursas que protegem o trocanter maior e as estruturas vizinhas, o que gera dor ao caminhar, subir escadas, cruzar as pernas e deitar sobre o lado afetado.

Com base em minha experiência como ortopedista especialista em quadril, identificar as causas, ajustar hábitos e iniciar um plano de tratamento encurta o tempo de recuperação e reduz recidivas.

O que é bursite trocantérica

As bursas são pequenas bolsas com líquido que diminuem o atrito entre ossos, tendões e músculos. No quadril, a bursa trocantérica fica sobre o trocanter maior do fêmur.

Quando essa bolsa inflama, surge a bursite trocantérica, geralmente associada à sobrecarga mecânica ou microtraumas repetidos.

Sintomas principais

Entre as principais queixas relatadas por meus pacientes, destaco:

  • Dor localizada na lateral do quadril, com possível irradiação para a face lateral da coxa.
  • O incômodo piora ao deitar sobre o lado doloroso, ao ficar muito tempo sentado e ao reiniciar a marcha.
  • Sensibilidade à palpação sobre o trocanter.

Ressalto que calor, vermelhidão e inchaço marcante sugerem infecção e exigem avaliação imediata.

Causas e fatores de risco

Alguns fatores favorecem a bursite trocantérica, como:

  • Movimentos repetitivos.
  • Quedas sobre o quadril.
  • Corrida em terrenos inclinados.
  • Fraqueza do glúteo médio.
  • Encurtamento da fáscia lata.
  • Alterações no alinhamento dos membros.
  • Diferença de comprimento entre as pernas, escoliose e artrose do quadril aumentam a carga lateral.
  • Cirurgias prévias e doenças inflamatórias também elevam o risco.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, baseado na história do paciente e no exame físico.

Os exames de imagem geralmente solicitados são:

  • Radiografias descartam artrose e deformidades.
  • O ultrassom identifica distensão da bursa e alterações tendíneas.
  • A ressonância magnética detalha processos inflamatórios, lesões dos tendões glúteos e edema ao redor do trocanter.

Tratamentos

O tratamento inicia com controle da dor e da inflamação, seguido de reabilitação focada em causa mecânica. A combinação correta encurta o tempo de recuperação e diminui recidivas.

Medidas iniciais

  • Ajuste de atividades.
  • Gelo local nas primeiras 48 horas.
  • Analgésicos e anti-inflamatórios quando indicados.
  • Dormir com travesseiro entre os joelhos reduz a compressão sobre a bursa.

Fisioterapia

  • Fortalecimento progressivo de glúteo médio e rotadores.
  • Alongamento de fáscia lata e cadeia posterior.
  • Treino de controle pélvico.
  • Liberação miofascial.
  • Educação postural.

O retorno à corrida considera ausência de dor ao impacto e testes funcionais estáveis.

Infiltrações

Quando a dor persiste, a infiltração com corticosteroide e anestésico pode oferecer alívio por semanas, o que facilita a reabilitação.

O PRP (plasma rico em plaquetas) é opção em casos selecionados, com objetivo de modular a inflamação e estimular o reparo tecidual.

Cirurgia

Raramente necessária, indicada quando há falha do tratamento conservador prolongado, com ressecção da bursa e correção de proeminências ósseas quando presentes.

A recuperação inclui reabilitação dirigida e progressão cuidadosa de carga.

Exercícios úteis

Sempre compartilho com meus pacientes exercícios que podem ajudar:

  • Comece com isométricos de glúteo médio em posições sem dor.
  • Evolua para abdução em cadeia cinética fechada, ponte com foco em controle pélvico e laterais estáveis.
  • Inclua mobilidade de quadril e tornozelo, além de fortalecimento de core.
  • Para corredores, reintroduza impacto com caminhada acelerada, trote leve intervalado e progressão de volume semanal moderada.

Quando procurar ajuda

Dor que impede a marcha, piora progressiva, febre ou sinais inflamatórios marcantes exigem avaliação rápida.

Agende sua consulta para uma investigação completa, para excluir diagnósticos diferenciais e orientar o melhor plano de cuidado.

FAQs

Toda dor na lateral do quadril é bursite trocantérica?

Não. Tendinopatia dos glúteos, ressalto externo do quadril e dor referida da coluna podem reproduzir sintomas parecidos. A avaliação clínica diferencia as causas e define o tratamento.

Quais são os sintomas da bursite trocantérica?

Dor na lateral do quadril, sensibilidade ao toque sobre o trocanter, piora ao deitar sobre o lado afetado, ao subir escadas e após períodos prolongados sentado. Pode irradiar para a face lateral da coxa.

Como é feito o diagnóstico?

Baseia-se na história e no exame físico. Radiografias avaliam ossos e alinhamento. Ultrassom e ressonância identificam inflamação da bursa e lesões tendíneas associadas.

Qual é o melhor tratamento para bursite trocantérica?

Redução de sobrecarga, controle da dor e fisioterapia com foco em fortalecimento do glúteo médio, mobilidade e reeducação de movimento. Infiltrações podem auxiliar quando a dor impede a reabilitação. Cirurgia é rara.

Quanto tempo leva para melhorar?

Em geral, semanas a poucos meses, dependendo da causa mecânica, adesão aos exercícios e ajustes de rotina. Respeitar a dor e progredir a carga de forma gradual acelera o retorno às atividades.

Posso correr com bursite trocantérica?

Depende dos sintomas. Em fases dolorosas, reduza impacto e adote treino cruzado. Retorne à corrida quando caminhar e trotar leve não provocarem dor no mesmo dia e no dia seguinte, com progressão controlada.

Dr. Tiago Bernardes
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Dr. Tiago Bernardes

Dr. Tiago Bernardes

Formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/DF) e residente em Ortopedia e Traumatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG).