A lesão do labrum do quadril compromete o anel de cartilagem que contorna o acetábulo. Esse lábio melhora o encaixe da cabeça do fêmur, dá estabilidade e ajuda a reter o líquido sinovial dentro da articulação.
Quando o labrum se rompe ou desgasta, a dor surge e o movimento perde fluidez. Tarefas simples ficam difíceis e podem aparecer estalos ou sensação de travamento.
No consultório, vejo esse quadro com frequência. Como ortopedista focado em quadril, vou mostrar o que é essa lesão, sinais de alerta, causas mais comuns, exames que confirmam, caminhos de tratamento e medidas de prevenção para voltar a se mover com segurança.
O que é o labrum e por que ele importa
O labrum é um anel de fibrocartilagem que amplia a cavidade do quadril, melhora o encaixe, distribui cargas e contribui para o efeito de vedação da articulação.
Esse selo ajuda a manter a pressão intra-articular estável e preserva a lubrificação, algo essencial para a cartilagem articular.
Quando ocorre a lesão do labrum do quadril, parte desse anel pode fissurar, destacar ou degenerar. O resultado costuma ser dor na virilha ou lateral do quadril, estalos, sensação de travamento e limitação para girar ou flexionar a perna.
Lesão do labrum do quadril: sinais e sintomas mais comuns
Os sintomas variam conforme o tipo e o tamanho da lesão. Em quadros leves, a pessoa sente um incômodo intermitente. Em lesões maiores, os sinais ficam constantes e pioram com determinadas posições.
- Dor na virilha, na frente do quadril ou na lateral.
- Estalos, clique interno ou sensação de travamento.
- Rigidez matinal e amplitude reduzida para girar o quadril.
- Piora ao permanecer muito tempo sentado, em pé ou caminhando longas distâncias.
- Desconforto ao cruzar as pernas, agachar ou subir escadas.
Como a dor pode imitar tendinites, hérnias e dores lombares, a avaliação clínica evita tratamentos sem foco.
Causas e fatores de risco
A lesão do labrum do quadril surge por sobrecarga mecânica direta ou pela soma de microtraumas ao longo do tempo. Alguns cenários aumentam o risco, como:
- Impacto femoroacetabular (cam, pincer ou misto), com atrito anormal entre fêmur e acetábulo.
- Displasia ou variações anatômicas que deixam o encaixe raso.
- Frouxidão capsular e microinstabilidade.
- Movimentos repetitivos com rotação e flexão profundas (dança, artes marciais, golfe, tênis, corrida longa).
- Traumas por quedas ou esportes de contato.
- Degeneração natural com o passar dos anos.
Como é feito o diagnóstico
O ponto de partida é a conversa clínica somada ao exame físico, que inclui testes que provocam o labrum para reproduzir a dor. Em seguida, os exames de imagem ajudam a confirmar o quadro e a mapear causas associadas.
- Radiografia: avalia a morfologia óssea e sinais de impacto.
- Ressonância magnética (com ou sem contraste): identifica fissuras, destacamentos e inflamação.
- Tomografia: útil para entender detalhes ósseos quando necessário
O laudo orienta a escolha entre abordagem conservadora e cirurgia. Em muitos casos, tratar a causa mecânica é tão importante quanto tratar a própria lesão do labrum do quadril.
Tratamento conservador: quando e como usar
Boa parte dos pacientes melhora com fisioterapia estruturada. A meta é reduzir a dor, restaurar a mobilidade, melhorar o controle neuromuscular e distribuir melhor as cargas no quadril.
- Educação e modificação de atividades: ajustar volume e intensidade, evitar posições que irritam o labrum.
- Terapia manual: melhora mobilidade capsular e alívio da dor.
- Exercícios direcionais: fortalecimento de glúteo médio e profundo, core e rotadores externos.
- Controle motor: treino de padrão de movimento para corrida, agachamento e mudança de direção.
- Recursos analgésicos: gelo e, quando indicado, medicação prescrita pelo médico.
Em casos selecionados, infiltrações podem auxiliar no manejo da dor enquanto o programa de reabilitação evolui. A decisão fica a cargo do especialista.
Quando a cirurgia entra em cena
Se a resposta ao tratamento conservador for limitada e a dor seguir impedindo atividades diárias, a cirurgia por artroscopia costuma ser considerada.
O objetivo é reparar ou refixar o labrum, tratar a causa do atrito e preservar a cartilagem.
- Reparo ou refixação do labrum quando a qualidade do tecido permite.
- Desbridamento de bordas instáveis em lesões irrecuperáveis.
- Correção do impacto femoroacetabular para reduzir o atrito futuro.
Após a artroscopia, a reabilitação orientada define o sucesso. A progressão de carga segue etapas, com foco em controle da dor, ganho de mobilidade, fortalecimento e retorno seguro ao esporte.
Tempo de recuperação e retorno às atividades
O tempo varia conforme o tipo de lesão do labrum do quadril, causas associadas e tratamento escolhido.
Em linhas gerais, quadros tratados de forma conservadora evoluem em semanas, enquanto a recuperação após artroscopia pode exigir alguns meses, com metas claras por fase de reabilitação.
Prevenção: hábitos que protegem o quadril
Sempre oriento meus pacientes a adotarem as seguintes práticas:
- Programe treinos com progressão gradual de volume e intensidade.
- Fortaleça glúteos e core para estabilizar a pelve e reduzir sobrecarga.
- Cuide da técnica em agachamentos, mudanças de direção e saltos.
- Evite longas permanências em posições que provocam dor.
- Monitore a dor: incômodo persistente merece avaliação especializada.
Mas se você vem apresentando dor na virilha que não melhora, sensação de clique interno, travamentos ou limitação para girar o quadril, agende sua consulta para avaliar seu caso com atenção, definir o diagnóstico e orientar o melhor plano.
FAQs
Lesão do labrum do quadril cura sozinha?
Lesões pequenas podem estabilizar com reabilitação e ajuste de carga. Lesões extensas tendem a persistir e podem precisar de artroscopia.
Qual exame é o mais indicado para confirmar a lesão?
A ressonância magnética avalia o labrum com detalhes. A radiografia ajuda a detectar impacto femoroacetabular e variações ósseas que sustentam o diagnóstico.
Posso treinar com lesão do labrum do quadril?
Atividade física é possível com ajustes. Reduza manobras que irritam o labrum, fortaleça glúteos e core e siga a orientação do fisioterapeuta e do médico.
Infiltração resolve o problema?
A infiltração pode aliviar dor e inflamação por um período. O plano principal continua sendo reabilitação e correção de fatores mecânicos.
Quando a cirurgia é indicada?
Indicada quando há dor persistente, falha do tratamento conservador e achados estruturais que sustentam benefício com artroscopia.
Quanto tempo leva para voltar ao esporte?
Varia conforme o caso. Em artroscopia, a liberação costuma ocorrer por fases, com metas funcionais. O retorno seguro depende de força, mobilidade e controle motor.
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