A bursite do quadril em mulheres é frequente na prática clínica. A anatomia feminina, variações hormonais e cargas repetitivas favorecem a irritação das bursas e dos tendões ao redor do trocânter.
Com informação e ajustes na rotina, é possível reduzir a dor e retomar as atividades com segurança.
O que é bursite do quadril
As bursas são bolsas com líquido que diminuem o atrito entre ossos, músculos e tendões. Quando inflamam, surge a bursite.
No quadril, as mais relevantes são a bursa trocantérica, que gera dor na lateral, e a iliopectínea, que provoca dor na virilha.
Em muitos casos, a dor não vem apenas da bursa. Tendões do glúteo médio e mínimo podem sofrer tendinopatia, o que amplia a sensibilidade e limita a marcha.
Por que a bursite do quadril é mais comum em mulheres
Entre os fatores que aumentam o risco, destacam-se:
- Formato do quadril com maior largura.
- Alterações hormonais no climatério e menopausa.
- Sobrecarga por treinos ou tarefas repetitivas.
- Maior prevalência de disfunções do assoalho pélvico e do core que afetam a biomecânica.
A combinação de pelve mais larga e fraqueza dos estabilizadores laterais eleva a tensão sobre os tendões glúteos. O resultado é atrito na região do trocânter e dor ao deitar de lado ou durante longas caminhadas.
Sintomas que pedem atenção
É importante ficar atento aos seguintes sinais:
- Dor na lateral do quadril, às vezes com irradiação para glúteos ou coxa.
- Desconforto ao deitar sobre o lado dolorido.
- Sensibilidade ao toque no ponto ósseo lateral.
- Rigidez ao levantar da cadeira.
- Dor em escadas, agachamentos e caminhadas longas.
- Em alguns casos, inchaço local.
Quando a bursa iliopectínea está envolvida, a dor aparece na virilha e piora ao flexionar o quadril.
Principais causas e fatores de risco
Podemos destacar entre as principais causas e fatores de risco:
- Sobrecarga mecânica por corrida, ciclismo, subida de escadas ou permanência em pé por longos períodos.
- Traumas diretos na região lateral.
- Diferença no comprimento das pernas.
- Obesidade.
- Doenças reumatológicas.
- Alterações hormonais e queda de massa muscular após a menopausa.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico começa no exame clínico com palpação do trocânter, avaliação de marcha e testes funcionais.
Exames de imagem ajudam a confirmar e a excluir outras causas de dor no quadril: ultrassonografia para visualizar a bursa e tendões, a ressonância magnética para detalhar tendinopatias e bursites, radiografias para avaliar a articulação e descartar fraturas ou artrose avançada.
Tratamento inicial da bursite do quadril em mulheres
O plano costuma ser conservador:
- Reduzir atividades que pioram a dor.
- Ajustar o volume de treinos.
- Aplicar compressa fria por 10 a 15 minutos, duas a três vezes ao dia na fase dolorosa.
- Usar analgésicos conforme prescrição.
- Adequar a ergonomia ao sentar e dormir.
A fisioterapia tem papel central. O foco é aliviar a dor, recuperara amplitude de movimento e fortalecer glúteos, abdutores e core, o que diminui a tensão sobre a bursa.
Em casos selecionados, infiltração guiada por imagem pode acelerar o controle da inflamação.
Exercícios indicados e cuidados práticos
Durante a fase dolorosa, priorize exercícios de baixo impacto e movimentos controlados. A progressão deve ser gradual, sempre respeitando o limite da dor.
- Ponte curta com apoio bilateral para ativar glúteos sem sobrecarga.
- Abdução de quadril em decúbito lateral com amplitude moderada.
- Passada curta e controlada, iniciando no estável e só depois no instável.
- Fortalecimento de core com pranchas modificadas.
- Alongamentos suaves de flexores do quadril, banda iliotibial e piriforme.
Evite cruzar as pernas sentado e deitar sobre o lado dolorido. Se necessário, use travesseiro entre os joelhos para alinhar o quadril.
Prevenção focada no público feminino
Para minhas pacientes, passo as seguintes orientações:
- Inclua fortalecimento de glúteos e core três vezes por semana.
- Faça aquecimento dinâmico antes do treino e alongamentos leves no pós esforço.
- Gerencie o volume semanal, respeite dias de descanso e garanta calçados em bom estado.
- Mantenha a massa muscular com treino de força e boa ingestão proteica.
Quando buscar o especialista
Dor que desperta à noite, limitação para tarefas simples, marcha com claudicação ou falha do tratamento por mais de quatro a seis semanas exigem avaliação médica.
Rupturas tendíneas, embora menos comuns, precisam de investigação e plano específico.
Caso você tenha notado alguns dos sintomas mencionados, agende uma consulta para avaliar de perto o seu quadro e pensarmos na melhor abordagem de tratamento.
FAQs
Bursite do quadril em mulheres melhora só com repouso?
O repouso reduz a irritação no início, mas a recuperação depende de fortalecimento e reeducação de carga. Sem isso, a dor costuma voltar com a rotina.
Posso caminhar com bursite do quadril?
Sim, desde que a dor esteja leve. Ajuste distância e ritmo. Se a dor aumentar durante ou após a caminhada, reduza o volume e retorne à fisioterapia.
Qual travesseiro ajuda a dormir melhor com dor lateral no quadril?
Um travesseiro médio entre os joelhos alinha a pelve e diminui o atrito no trocânter. Deitar sobre o lado não dolorido costuma ser mais confortável.
Quando considerar infiltração para bursite do quadril em mulheres?
Quando a dor persiste apesar de fisioterapia e ajustes de carga. A indicação é individual e deve ser guiada por imagem para maior precisão.
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