Displasia do quadril em adultos: sintomas e tratamento

A displasia do quadril em adultos ocorre quando o encaixe entre a cabeça do fêmur e o acetábulo é insuficiente, o que concentra carga em áreas pequenas da cartilagem e acelera o desgaste.

O problema pode ter sido sutil na infância e só aparecer com dor na vida adulta.

Preparei esse guia para mostrar os sinais de alerta, fatores de risco, exames que confirmam o diagnóstico e opções de tratamento para diferentes perfis.

O que é displasia do quadril em adultos

É uma alteração de cobertura do acetábulo sobre a cabeça do fêmur. Quando a cobertura é pequena, a articulação perde estabilidade, o labrum sofre sobrecarga e a cartilagem degenera com mais rapidez.

Em muitos casos, a displasia do quadril em adultos deriva de uma forma leve na infância que não foi percebida. O resultado é dor na virilha, rigidez e, com o tempo, osteoartrite precoce.

Quem tem mais risco

Entre os fatores de risco, destaco:

  • História familiar.
  • Sexo feminino.
  • Parto pélvico ao nascer.
  • Frouxidão ligamentar.

Atividades com impacto repetitivo e variações de anatomia do fêmur também colaboram para a progressão do quadro na vida adulta.

Sinais e sintomas no dia a dia

As queixas mais comuns relatadas pelos meus pacientes incluem:

  • Dor profunda na virilha que piora com caminhada longa, corrida e subida de escadas.
  • Sensação de clique ou estalo.
  • Cansaço no quadril ao fim do dia.
  • Rigidez após períodos sentado.
  • Dificuldade para cruzar as pernas.
  • Marcha mancando em fases de piora.
  • Em casos bilaterais, os dois lados podem doer com intensidade diferente.

Quando procurar avaliação

Dor por mais de três semanas, limitação para tarefas simples, estalos com dor, perda de força ou sensação de instabilidade são motivos para consultar um especialista em quadril.

Detectar cedo a displasia do quadril em adultos ajuda a preservar cartilagem e adiar a progressão para artrose.

Como é feito o diagnóstico

O exame clínico avalia a dor provocada por rotação, amplitude de movimento e padrão da marcha.

Para confirmar o diagnóstico, posso solicitar:

  • Radiografias: medem a cobertura acetabular e índices angulares.
  • Ressonância: identifica lesões do labrum e da cartilagem.
  • Em fases avançadas a tomografia auxilia no planejamento cirúrgico, principalmente quando há deformidades associadas.

Classificação e gravidade

De forma prática, a displasia do quadril em adultos varia de leve, com dor episódica e exames quase normais, até severa, com subluxação e desgaste importante.

O estágio, a qualidade da cartilagem e a idade orientam a escolha entre preservar a articulação ou substituir por prótese.

Tratamento sem cirurgia

O manejo conservador tem papel em quadros leves e em fases de controle da dor, que inclui:

  • Ajuste de treino.
  • Perda de peso quando indicado.
  • Medicação analgésica por tempo curto.
  • Infiltração guiada quando apropriado.
  • Fsioterapia focada em fortalecimento do glúteo médio, controle do core e mobilidade com proteção articular.

O objetivo é reduzir a sobrecarga e melhorar a função enquanto se acompanha a evolução.

Tratamento cirúrgico preservador

Em adultos jovens com cartilagem viável e cobertura insuficiente, a osteotomia periacetabular reposiciona o acetábulo para aumentar a cobertura e distribuir melhor as forças.

A artroscopia pode ser associada para tratar lesões do labrum e corrigir impactos femoroacetabulares.

Essas técnicas buscam aliviar dor e retardar a artrose quando a displasia do quadril ainda permite preservação.

Prótese total do quadril

Quando há desgaste extenso e dor limitante, a artroplastia total substitui a articulação doente por componentes protéticos.

Em casos de displasia, o procedimento exige planejamento detalhado por causa de diferenças anatômicas. Os resultados costumam ser muito bons para controle da dor e retomada das atividades cotidianas.

Recuperação e retorno às atividades

Após procedimentos preservadores, o apoio parcial com muletas é comum nas primeiras semanas, seguido de progressão de carga e fisioterapia estruturada.

Depois da prótese, a marcha normalmente melhora rápido, com cuidados para evitar quedas e orientação para fortalecimento gradual.

O retorno ao trabalho depende do tipo de atividade e da evolução individual.

Cuidados práticos que ajudam

Para pacientes com displasia do quadril, recomendo:

  • Manter uma rotina de fortalecimento.
  • Priorizar superfícies planas nas caminhadas.
  • Usar calçados estáveis.
  • Fazer pausas para alongar flexores e rotadores.
  • Ajustar a altura de cadeira e mesa para evitar sobrecarga ao sentar e levantar.
  • Em fases dolorosas, gelo por curtos períodos ajuda no controle dos sintomas.

Caso você apresente alguns dos sintomas listados acima, agende uma consulta para investigar melhor seu caso e propor o tratamento de acordo.

FAQs

Displasia do quadril em adultos sempre causa artrose?

O risco é maior que na população geral, porém diagnóstico precoce, controle de carga e, quando indicado, cirurgia preservadora reduzem a progressão. Acompanhar com especialista é essencial.

Como diferenciar dor da displasia de bursite lateral?

A dor da displasia costuma ser profunda na virilha e piora com rotação. A bursite dói mais na lateral do quadril e ao deitar sobre o lado afetado. O exame clínico direciona os testes e os exames de imagem confirmam.

Quando a osteotomia periacetabular é considerada?

Geralmente em adultos jovens com cartilagem preservada, cobertura insuficiente e sinais de sobrecarga. A meta é reposicionar o acetábulo para melhorar a biomecânica e aliviar dor.

Prótese de quadril em displasia dura quanto tempo?

A durabilidade varia conforme idade, atividade e materiais. Em média, muitos implantes ultrapassam uma década. Revisões podem ser necessárias com o passar dos anos.

Posso treinar força com displasia do quadril em adultos?

Sim, com orientação. Fortalecer glúteos e core melhora estabilidade e reduz dor. Evite cargas altas e amplitudes desconfortáveis até ter liberação do profissional que acompanha o caso.

Dr. Tiago Bernardes
Compartilhar
Dr. Tiago Bernardes

Dr. Tiago Bernardes

Formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/DF) e residente em Ortopedia e Traumatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG).