Estalos no quadril: guia completo para identificar e tratar

Estalos no quadril podem aparecer ao caminhar, levantar da cadeira ou girar a perna. Na maior parte das vezes não doem, mas podem sinalizar sobrecarga de tendões, atrito sobre proeminências ósseas ou alterações dentro da articulação.

Aqui você vai entender o que causa estalos no quadril, como diferenciar cada tipo, quais exames ajudam no diagnóstico e quais tratamentos aceleram a recuperação.

O que são estalos no quadril

O termo descreve um clique, ressalto ou sensação de deslizamento em um dos lados do quadril, na frente da virilha ou bem dentro da articulação.

O estalo pode ser apenas sentido, pode ser audível e pode ou não vir com dor.

Principais causas

Três origens explicam a maioria dos casos: o ressalto externo, o ressalto interno e o ressalto intra-articular. Cada um tem localização, gatilhos e manejo próprios.

Ressalto externo do quadril

Acontece quando o trato iliotibial ou fibras do glúteo máximo deslizam sobre o trocanter maior. O estalo é lateral, costuma ser indolor e aparece ao subir escadas, correr ou levantar-se repetidas vezes.

O encurtamento do trato iliotibial e desequilíbrios de força favorecem o quadro.

Ressalto interno do quadril

O tendão do iliopsoas, na frente do quadril, pode raspar na cabeça do fêmur ou na eminência iliopectínea durante flexão e extensão.

A sensação fica na virilha, sem visualização externa. Em praticantes de dança e esportes com chutes é mais comum.

Ressalto intra-articular

Surge por alterações dentro da articulação, como lesão do lábio acetabular, impacto femoroacetabular, corpos livres ou fraturas osteocondrais.

O estalo vem com dor, sensação de clique profundo e, às vezes, travamento.

Sintomas que pedem atenção

Procure avaliação quando os estalos no quadril forem acompanhados de:

  • Dor persistente.
  • Perda de mobilidade.
  • Sensação de travamento.
  • Instabilidade.
  • Piora progressiva nas atividades diárias.
  • Início após queda ou entorse.

Como diagnosticar a causa dos estalos

O diagnóstico combina história clínica, exame físico e exames de imagem. O objetivo é localizar a origem do estalo e checar lesões associadas.

Exame físico

Avalia a localização do estalo, amplitude de movimento, encurtamentos, pontos dolorosos e testes provocativos para iliopsoas, trato iliotibial e estruturas intra-articulares.

RX (radiografia)

Mostra alinhamento, formato do fêmur e do acetábulo, sinais de impacto femoroacetabular e artrose. É a base para estudar a arquitetura óssea.

Ultrassom

Útil para casos dinâmicos. Permite observar o deslizamento do trato iliotibial ou do iliopsoas e identifica bursites e tendinopatias relacionadas aos estalos no quadril.

Ressonância magnética

Detalha lábio acetabular, cartilagem, tendões e bursas, além de edema ósseo e corpos livres. Ajuda a planejar o tratamento quando há dor e limitação funcional.

Tratamentos

O plano começa pelo abordagem conservadora, com foco em reduzir a dor, melhorar a mobilidade e corrigir a mecânica do movimento.

Tratamento conservador

  • Educação e ajustes de carga: reduzir os movimentos que disparam o estalo, pausas ativas no dia e progressão gradual do treino.
  • Medicação por curto período: anti-inflamatórios e analgésicos podem ajudar na fase dolorosa, sempre com orientação médica.
  • Fisioterapia: alongamento dirigido para o trato iliotibial e iliopsoas, fortalecimento de glúteo médio, glúteo máximo e rotadores, treino de controle pélvico, mobilidade de quadril e coluna lombar.
  • Infiltrações guiadas: corticoide em bursa trocantérica ou região do iliopsoas para dor persistente, ácido hialurônico ou outras soluções em casos selecionados.

Tratamento cirúrgico

Indicado quando o quadro não responde à reabilitação ou quando existe lesão anatômica significativa.

Na artroscopia, é possível reparar o lábio acetabular, remover os corpos livres e tratar lesões condrais.

Para ressaltos refratários, realizam-se alongamentos controlados do iliopsoas ou liberação parcial do trato iliotibial.

Prevenção e retorno às atividades

Com base em minha experiência em lesões no quadril, recomendo:

  • Fortaleça o complexo glúteo.
  • Mantenha a mobilidade de quadril e tornozelos.
  • Progrida o volume e intensidade de treinos em blocos semanais.
  • Ajuste a técnica de corrida, saltos e chutes.

O retorno ao esporte ocorre quando a dor não limita, a força está simétrica e os testes funcionais não reproduzem estalos no quadril.

Caso você queira saber mais detalhes sobre os tratamentos disponíveis, agende uma consulta para avaliar seu caso com atenção e propor a abordagem terapêutica mais assertiva.

FAQs

Estalos no quadril sempre indicam problema?

Nem sempre. Estalos indolores e esporádicos costumam ser mecânicos e benignos. Avaliação é indicada quando há dor, travamento ou limitação nas atividades.

Qual a diferença entre ressalto externo e interno?

O externo é lateral e envolve trato iliotibial sobre o trocanter maior. O interno é anterior, na virilha, e envolve o tendão do iliopsoas deslizando sobre estruturas ósseas.

Quando a dor sugere lesão intra-articular?

Quando o estalo é profundo, com clique e travamento, após trauma ou com rigidez ao levantar. Nesses casos, a ressonância magnética costuma ser necessária.

Fisioterapia resolve estalos no quadril?

Em grande parte dos casos sim. Reequilíbrio de força, alongamentos dirigidos e controle de carga reduzem atritos e melhoram a mecânica da marcha e da corrida.

Cirurgia é comum nesse problema?

É exceção. A indicação aumenta quando há lesão do lábio acetabular, corpos livres ou falha do tratamento conservador por período adequado.

Artrose pode causar estalos no quadril?

Sim. O desgaste da cartilagem favorece atrito entre superfícies ósseas e pode gerar estalos, rigidez e dor progressiva.

Dr. Tiago Bernardes
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Dr. Tiago Bernardes

Dr. Tiago Bernardes

Formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/DF) e residente em Ortopedia e Traumatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG).