Quais os riscos de colocar prótese no quadril?

A decisão de colocar uma prótese no quadril é um marco importante na vida dos meus pacientes. Como cirurgião ortopedista especialista em quadril, acompanho de perto cada etapa desse processo, desde a indicação cirúrgica até o acompanhamento pós-operatório.

Apesar dos avanços tecnológicos e dos excelentes resultados funcionais que a cirurgia pode proporcionar, é fundamental discutir de forma clara e transparente quais os riscos de colocar prótese no quadril.

Neste artigo, compartilho minha experiência clínica, dados de pesquisas nacionais e internacionais, e informações essenciais para quem está considerando fazer esse procedimento.

Entendendo a prótese de quadril

A colocação de prótese no quadril é indicada principalmente para pacientes com dor intensa e limitação funcional causada por doenças como artrose, artrite reumatoide, fraturas ou necrose da cabeça femoral.

O objetivo é restaurar a mobilidade, aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida.

No Brasil, entre 2012 e 2021, observou-se um aumento significativo no número de cirurgias de prótese de quadril, refletindo o envelhecimento populacional e a maior expectativa de vida.

Quais os riscos de colocar prótese no quadril?

Apesar dos benefícios, é imprescindível que meus pacientes compreendam os riscos de colocar prótese no quadril. Entre as complicações mais relevantes, destaco:

  • Infecção: Embora rara, a infecção é uma das complicações mais temidas. Estudos brasileiros apontam taxas de infecção variando entre 0,5% e 2% dos casos, podendo exigir tratamentos prolongados e, em situações graves, a retirada da prótese.
  • Trombose venosa profunda e embolia pulmonar: O risco de formação de coágulos sanguíneos é real, especialmente nos primeiros dias após a cirurgia. Por isso, adotamos protocolos rigorosos de prevenção, incluindo o uso de anticoagulantes e mobilização precoce.
  • Luxação da prótese: A instabilidade do implante pode levar à luxação, principalmente nos primeiros meses. Pacientes com maior demanda física ou que não seguem as orientações pós-operatórias estão mais suscetíveis a esse problema.
  • Desgaste e soltura da prótese: O uso intenso da prótese, particularmente em pacientes jovens e ativos, pode acelerar o desgaste dos componentes e levar à soltura do implante, exigindo uma cirurgia de revisão. Estudos mostram que atividades de alta demanda aumentam o risco de complicações como osteólise e necessidade de reoperações.
  • Reações ao material da prótese: Prótese de metal sobre metal, por exemplo, já foi associada a taxas mais altas de complicações, como intoxicação por metais e inflamações locais. Um estudo publicado na revista Lancet revelou que pacientes com esse tipo de implante apresentaram uma taxa de revisão de 6,2% em cinco anos, levando à recomendação de retirada desse modelo do mercado internacional.
  • Mortalidade: Embora a taxa de mortalidade seja baixa, estudos apontam um índice de 3,4% em determinados grupos, especialmente em casos de urgência ou pacientes com múltiplas comorbidades.

Fatores de risco e perfil do paciente

Fatores como idade avançada, presença de doenças crônicas (diabetes, obesidade, doenças cardíacas), histórico de infecções e tabagismo aumentam o risco de complicações após a colocação da prótese no quadril.

Pacientes mais jovens e ativos, por outro lado, tendem a exigir mais da prótese, o que pode levar a desgaste precoce e necessidade de revisões cirúrgicas.

Além disso, mulheres apresentam maior risco de complicações com determinados tipos de prótese, como as de metal sobre metal, com taxas de problemas até quatro vezes maiores em comparação aos homens.

Cuidados para minimizar os riscos

A prevenção é parte fundamental do sucesso da cirurgia. Em minha prática, adoto uma série de medidas para reduzir os riscos, como:

  • Avaliação clínica rigorosa e individualizada
  • Orientação detalhada sobre cuidados no pós-operatório
  • Uso de técnicas cirúrgicas modernas e materiais de alta qualidade
  • Protocolos de prevenção de trombose e infecção
  • Reabilitação precoce e acompanhamento multidisciplinar

A participação ativa do paciente, seguindo as orientações médicas e fisioterapêuticas, é fundamental para minimizar as complicações e garantir uma recuperação mais segura e eficiente.

Estudos e dados nacionais e internacionais

No Brasil, a prótese total de quadril tem se mostrado eficaz na recuperação funcional e reabilitação precoce dos pacientes, com índices de satisfação elevados.

No entanto, a literatura internacional alerta para a necessidade de monitoramento contínuo, principalmente em relação ao tipo de material utilizado e ao perfil do paciente.

O maior banco de dados mundial sobre próteses de quadril reforça a importância de evitar implantes de metal sobre metal e de realizar check-ups regulares para detecção precoce de complicações.

Conclusão

A decisão de colocar prótese no quadril deve ser tomada de forma consciente, considerando os benefícios e os riscos envolvidos.

Em minha experiência como cirurgião ortopedista especialista em quadril, a maioria dos pacientes experimenta melhora significativa na dor e na qualidade de vida após a cirurgia.

Contudo, é fundamental estar ciente das eventuais complicações, adotar medidas preventivas e manter o acompanhamento regular para assegurar o melhor resultado possível.

Se você tem dúvidas ou deseja saber se a prótese de quadril é indicada para o seu caso, agende uma consulta. Juntos, podemos avaliar a melhor opção para sua saúde e bem-estar!

Dr. Tiago Bernardes
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Dr. Tiago Bernardes

Dr. Tiago Bernardes

Formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/DF) e residente em Ortopedia e Traumatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG).