Tendinopatia glútea: causas, sintomas e tratamento

A tendinopatia glútea é uma das causas mais comuns de dor na lateral do quadril.

Ela envolve sobrecarga e irritação dos tendões do glúteo médio e do glúteo mínimo, estruturas decisivas para estabilizar a pelve durante a marcha.

Aqui você encontra um passo a passo claro: sinais que entregam o problema, exames que ajudam a confirmar, o que realmente trata, exercícios essenciais e como evitar recorrências.

O que é tendinopatia glútea

Tendinopatia glútea é a alteração dolorosa dos tendões do glúteo médio e mínimo, geralmente por combinação de tração e compressão.

O quadro aparece com dor pontual sobre o trocanter maior, pior ao caminhar, subir escadas, ficar em pé por muito tempo e deitar sobre o lado dolorido.

Em fases ativas, o desconforto pode irradiar para a face lateral da coxa.

Sinais e sintomas mais comuns

Observe se os itens abaixo conversam com o que você sente. Quanto mais coincidências, maior a chance de tendinopatia glútea ser a causa da dor.

  • Dor localizada na lateral do quadril, sensível ao toque no osso proeminente da região.
  • Piora ao caminhar, subir ou descer escadas e ficar em pé apoiando o peso de um lado só.
  • Incômodo ao deitar sobre o lado dolorido ou mesmo no lado oposto quando o quadril cai em adução.
  • Rigidez matinal curta, que melhora com movimento leve.
  • Fraqueza dos abdutores do quadril e sensação de cansaço na pelve em trajetos mais longos.

Por que acontece

O gatilho costuma ser um aumento rápido de carga sem recuperação adequada, como também:

  • Retomada súbita de corrida.
  • Subidas e rampas frequentes.
  • Caminhada longa em terreno inclinado.
  • Treinos com saltos ou agachamentos profundos.
  • Permanecer sentado com joelhos cruzados.

Fatores de risco incluem desequilíbrios musculares, controle pélvico fraco, sobrepeso, alterações no alinhamento do membro e uso prolongado de calçados muito gastos.

Como diferenciar de outras dores do quadril

A tendinopatia glútea dói na lateral, ao toque no trocanter maior, e piora com carga em um apoio.

Dificuldade para calçar meias, rigidez prolongada e dor profunda na virilha sugerem artrose do quadril.

Já a dor que desce pela parte de trás da perna, com formigamento, levanta suspeita lombar. Definir a origem evita tratamentos que não funcionam.

Exames: quando pedir e quais ajudam

O diagnóstico é clínico. Testes que colocam o tendão em adução e rotação específicos costumam reproduzir a dor.

O exame de imagem só entra em cena se houver dúvida diagnóstica, falha de resposta após manejo adequado ou suspeita de ruptura.

A ressonância magnética é útil para descartar outras causas e avaliar a gravidade.

Tratamentos

O foco do tratamento da tendinopatia glútea é ajustar a carga e fortalecer com progressão inteligente.

Analgésicos e anti-inflamatórios podem ajudar no curto prazo, mas não resolvem a causa. O plano abaixo equilibra alívio e recuperação tecidual.

1) Reduzir compressão e organizar a rotina

  • Evite sentar com pernas cruzadas e não permaneça com joelhos colados por longos períodos.
  • Não fique em pé apoiando o peso em um lado só do quadril.
  • Para dormir, use um travesseiro entre os joelhos para limitar a adução do quadril dolorido.
  • Pause temporariamente corridas em ladeiras, saltos e treinos com grande amplitude em adução.

2) Analgesia ativa: isometria com carga

Contrações isométricas pesadas dos abdutores reduzem a dor e melhoram a tolerância ao exercício.

Veja um exemplo:

  • Empurrar a perna contra uma faixa elástica sem mover o quadril.
  • 4 a 5 séries de 30 a 45 segundos, com 2 minutos de intervalo.
  • Ajuste a força para sentir esforço, mas sem piora após 24 horas.

3) Fortalecimento progressivo e controle pélvico

  • Fase inicial: ponte, passo lateral com elástico, abdução em pé com pouca adução.
  • Fase intermediária: agachamento unilateral parcial, subida em degrau, deslize lateral com resistência.
  • Fase avançada: pliometria controlada, corrida em superfície plana, drills de aceleração e mudança de direção, sempre monitorando sintomas no dia seguinte.

O fortalecimento deve acontecer 2 a 3 vezes por semana, com descanso entre as sessões. O objetivo é aumentar a capacidade do tendão, não apenas eliminar a dor momentânea.

4) Recursos complementares

  • Fisioterapia manual: melhora a dor e função quando integrada ao programa de exercícios.
  • Terapia por ondas de choque: opção em casos persistentes para alívio de curto a médio prazo.
  • Infiltrações: úteis para reduzir a dor em fases reativas, sempre como ponte para reabilitação. Evite repetição frequente.

Quando suspeitar de ruptura do tendão

Dor lateral intensa com perda clara de força de abdução, claudicação persistente e falha do tratamento bem conduzido levantam a hipótese de ruptura parcial ou completa.

Em casos selecionados, a cirurgia para reparo pode ser indicada, seguida de reabilitação estruturada.

Prevenção e retorno seguro às atividades

Sempre compartilho com meus pacientes as seguintes práticas:

  • Progrida volume e intensidade semanal com cautela.
  • Varie terrenos e calçados.
  • Mantenha o treino de força para abdutores e estabilizadores de tronco e quadril.
  • Para quem corre, comece com tiros curtos em terreno plano e observe a resposta do quadril nas 24 horas seguintes.

Caso você suspeite de tendinopatia glútea, agende uma consulta para avaliar de perto seu quadro e propor o melhor tratamento.

FAQs

Como saber se minha dor é tendinopatia glútea?

Dor e sensibilidade na lateral do quadril que pioram ao caminhar, subir escadas e deitar sobre o lado dolorido indicam tendinopatia glútea. Um exame clínico direcionado confirma e exclui outras causas.

Qual o melhor exercício para começar?

Isometrias de abdução com faixa elástica são seguras para reduzir dor. Faça 4 a 5 séries de 30 a 45 segundos, com 2 minutos de intervalo, sem piora no dia seguinte.

Posso alongar o quadril dolorido?

Evite alongamentos em adução profunda nas fases dolorosas, pois comprimem o tendão. Priorize fortalecimento progressivo e mobilidade sem dor.

Quando a imagem é necessária?

Se houver dúvida diagnóstica, suspeita de ruptura, falha após semanas de manejo adequado ou para descartar outras condições, a ressonância é útil.

Infiltração resolve tendinopatia glútea?

Pode aliviar a dor por curto prazo e facilitar o início do reforço muscular. A melhora duradoura depende do programa de exercícios e do ajuste de carga.

Dr. Tiago Bernardes
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Dr. Tiago Bernardes

Dr. Tiago Bernardes

Formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS/DF) e residente em Ortopedia e Traumatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG).